A relação entre a negação e a categoria Tempo tem sido explorada nos estudos em sintaxe gerativa desde Pollock (1989). Laka (1994), por exemplo, ao analisar a negação sentencial em inglês e em basco, associa à categoria NegP uma propriedade paramétrica; segundo a autora, enquanto no inglês TP seleciona NegP, no Basco, NegP é que selecionaria TP. Zanuttini (1996) vai mais além na correlação entre Negação e Tempo e argumenta que o núcleo Neg só pode ocorrer na presença de Tempo, já que a negação é agramatical com imperativos verdadeiros e esses não apresentam flexão de tempo (Rivero 1994). E em estudo posterior (Zanuttini 1997) analisa a posição dos marcadores negativos com relação à posição do verbo e de advérbios em TP e AspP, seguindo a hierarquia de advérbios de Cinque, argumentando que marcadores negativos apresentam propriedades diferentes dependendo da posição em que ocorrem. Trabalhos mais recentes, no entanto, têm observado a relação entre leituras anafóricas de tempo que geram as interpretações de proposição/ evento e a negação, o que leva a uma nova interpretação da relação entre as categorias Negação e Tempo. No português brasileiro (PB), por exemplo, tenho analisado a estruturas com negação pré-verbal [Neg VP] – Neg1 e dupla [Neg VP Neg] – Neg2 como estruturas negativas com escopo, respectivamente, sobre evento e sobre proposição, apresentando a necessidade de uma proposta para a derivação dessas estruturas que considere as diferenças semânticas entre os dois tipos de estruturas. Partindo do exposto, o principal objetivo deste trabalho é o levantamento de línguas que apresentam mais de uma forma de negação sentencial relacionada à categoria Tempo ou Aspecto e a verificação, através de um estudo translinguístico, se a análise proposta para o PB pode ser estendida a outras línguas. Uma hipótese que avento é a de que a interpretação do negação depende da sua forma de realização nas línguas, se como núcleo, como adjunção ou como uma combinação dos dois para línguas que apresentam mais de uma estrutura.